Engenharia de Alimentos

São as técnicas e os conhecimentos usados na fabricação, na conservação, no armazenamento e no transporte de alimentos industrializados. Esse profissional cuida de todas as etapas de preparo e conservação de alimentos de origem animal e vegetal. Seleciona a matéria-prima, como leite, carnes, peixes, legumes e frutas, e define a melhor forma de armazenagem, acondicionamento e preservação dos produtos, projetando embalagens. Cria e testa formulações, a fim de determinar o valor nutricional de alimentos industrializados, seu sabor, sua cor e consistência. A indústria alimentícia é, sem dúvida, seu principal campo de atuação. Mas pode trabalhar, ainda, em indústrias fornecedoras de equipamentos, embalagens e aditivos.

27 de maio de 2010

Braskem vai fornecer polietileno verde à Tetra Pak

O acordo prevê que o fornecimento do insumo deverá ter início no começo de 2011, mas é possível que os primeiros lotes da resina sejam encaminhados à Tetra Pak ainda no final do próximo ano

Por Agência Estado


A petroquímica Braskem assinou acordo com a Tetra Pak para fornecer polietileno (PE) verde, produzido a partir da cana de açúcar, a ser utilizado pela multinacional na fabricação de tampas plásticas. O contrato prevê a entrega de 5 mil toneladas anuais de polietileno de alta densidade (PEAD) à fabricante de embalagens e representa o primeiro acerto para a utilização do PE verde na indústria mundial de alimentos e bebidas.


O acordo prevê que o fornecimento do insumo deverá ter início no começo de 2011, mas é possível que os primeiros lotes da resina sejam encaminhados à Tetra Pak ainda no final do próximo ano. A linha de produção do novo insumo está instalada em Triunfo (RS) e terá capacidade para produzir anualmente 200 mil toneladas de eteno, que serão transformados em volume equivalente de polietileno de alta densidade (PEAD) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). A unidade deve entrar em operação entre setembro e outubro de 2010.


É provável que grande parte do polietileno verde seja direcionada à produção nacional da Tetra Pak, líder do mercado brasileiro das chamadas embalagens longa vida. A Braskem também fornece polietilenos para unidades localizadas na Argentina, no Paquistão e em países africanos, de acordo com o vice-presidente da Unidade de Polímeros da Braskem, Luiz de Mendonça.


O novo contrato representa pouco mais de 5% da demanda total de polietileno de alta densidade da Tetra Pak, empresa que tem trabalhado para ampliar o consumo de produtos renováveis. Além do PE produzido a partir da cana de açúcar, as embalagens da companhia utilizam papel cartão produzido a partir de florestas plantadas, caso do eucalipto cultivado no Brasil. Além da Tetra Pak, a Braskem já fechou acordos com Johnson & Johnson, Estrela, Toyota Tsusho, Shiseido, Acinplas e Petropack.

Vida longa para o longa vida

O paulistano Fernando Von Zuben desatou um dos nós da reciclagem ao criar uma tecnologia que separa o alumínio do plástico nas embalagens Tetra Pak. Isso permite que todos os componentes das caixinhas voltem à cadeia como matéria-prima. agora, a solução verde brasileira vai ser exportada

Por Aline Ribeiro

 

De dentro de seu Audi A3, em uma estrada a caminho de Piracicaba, interior de São Paulo, o engenheiro químico Fernando von Zuben tira as mãos do volante, leva-as à cabeça e solta um palavrão. Diretor de desenvolvimento ambiental da Tetra Pak, empresa líder no processamento e envase de alimentos, com faturamento global de 8,7 bilhões de euros, Von Zuben está irritado com o motorista do carro da frente, que acaba de jogar pela janela, sem o menor constrangimento, uma latinha de alumínio. Neto de suíços, Von Zuben herdou dos avós a fixação por cuidar do planeta. Ele leva ao trabalho a personalidade forte e as crenças pessoais, atributos que o impulsionam a criar soluções amigáveis ao meio ambiente. Foi com essa disposição e um jeito de cientista maluco que esse paulistano de 50 anos se tornou o responsável por uma inovação que resolveu um dos grandes nós da Tetra Pak no mundo: a separação total do alumínio e do plástico contidos nas embalagens longa vida, antes um pesadelo para a reciclagem.


Janeiro de 2009 pode ser considerado o marco para a invenção de Von Zuben. A fábrica de separação dos materiais, em funcionamento desde 2005, passou da fase de testes e atingiu fôlego industrial. “A partir deste ano, já podemos replicar o sistema na Europa”, afirma Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak no Brasil e entusiasta da ideia. “As conversas com a Bélgica já estão avançadas.” A tecnologia desenvolvida permitiu à empresa devolver para a origem da cadeia produtiva, em forma de matéria-prima, cada um dos materiais que compõem a embalagem, solução considerada o auge da eficiência ambiental e financeira. Antes era possível isolar das caixinhas só o papel, mantendo o alumínio e o plástico unidos.


Quando passou a integrar os quadros da Tetra Pak, em 1995, Von Zuben viu-se diante de um desafio: o que fazer com as milhares de embalagens pós-consumo despejadas no lixo. A cada ano, a produção de caixinhas para o envase de leite, molho de tomate, sucos e iogurtes cresce a uma média de 5% no Brasil.


Mandar esse material para aterros sanitários já não era uma saída natural aos olhos da companhia. Mas a reciclagem total necessitava de alguns ajustes. E foi aí que entrou o engenheiro. Naquela época, o preço pago pela tonelada de embalagem Tetra Pak era só 20% do valor do papelão ondulado. Não interessava aos recicladores, portanto, separar as caixinhas para vendê-las.


A solução era agregar valor às sobras das embalagens e fortalecer a cadeia produtiva. Uma tecnologia para separar os materiais seria vista como uma solução criativa e funcional, pois o alumínio e o plástico que acabavam no lixo passariam a ter valor de mercado. Mas o pulo-do-gato não ocorreu da noite para o dia. Até obter a fórmula inovadora, Von Zuben quebrou a cabeça durante sete anos. Pediu ajuda a cientistas russos e firmou parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo.


Depois de várias tentativas (e muitos erros), chegou à tecnologia a plasma, inédita no mundo, que revolucionou o modelo atual de reciclagem ao separar os três componentes da caixinha. A engenhoca high-tech foi desenvolvida em parceria com a produtora de alumínio Alcoa, com a fabricante de papéis Klabin e com a empresa especializada em serviços ambientais TSL Ambiental. Custou R$ 60 milhões no total, R$ 7 milhões investidos pela Tetra Pak.


Alguns meses de estudos levaram Von Zuben a um artigo científico sobre o plasma, escrito pelo professor Roberto Szente, do IPT, a quem pediu ajuda. Os dois testaram o sistema por três anos – de 1996 a 1999 – até chegarem aos primeiros resultados concretos. Detalhe: Von Zuben jamais falou sobre suas pesquisas ao então presidente da Tetra Pak, Nelson Findeiss. Na empresa, pouca gente sabia das intenções do engenheiro. “A gente tem de mostrar o resultado pronto. Principalmente para o presidente, que não tem tempo para ficar ouvindo detalhes sobre todo o processo. Se fosse conversar com ele no início, quando tínhamos mais problemas do que resultados, certamente ele ia me pedir para abandonar a ideia”, diz Von Zuben. Experimente perguntar se, em algum momento, ele teve receio de ser repreendido e a resposta vem em tom enfático: “O máximo que podia acontecer era perder meu emprego”.


Rival da Tetra Pak abre fábrica no Brasil

A suíça Combibloc deu início à construção de sua primeira fábrica no país. O empreendimento está orçado em US$ 300 milhões

                                                                                                                                  Por Raquel Salgado


O reinado da gigante Tetra Pak no Brasil, maior produtora de embalagens longa vida, começa a ser ameaçado. A empresa suíça SIG Combibloc, maior rival da também suíça Tetra Pak, deu início à construção de uma fábrica na cidade de Campo Largo, no Paraná. O investimento será de US$ 300 milhões e a expectativa é de que a planta entre em operação em fevereiro do próximo ano. Parte da produção será exportada para outros países latino-americanos.


A SIG Combibloc ensaia sua vinda para o Brasil desde 2005, mas só agora conseguiu por em prática seu plano de expansão para a América do Sul. A crise internacional e a troca de comando da empresa – ocorrida em 2008 – contribuíram para atrasar a entrada da companhia no país. Hoje a empresa já está presente no mercado brasileiro, mas todas as embalagens vendidas aqui são importadas.


Quem comanda a chegada da SIG Combibloc ao país é o alemão Rolf Stangl presidente da empresa desde o fim de 2008. Sua tarefa não é nada simples. Hoje, a Tetra Pak tem cerca de 93% do mercado brasileiro de embalagens longa vida para leite. No total do mercado de embalagens longa vida, estima-se que a participação chegue aos 95%. O restante está nas mãos da SIG Combibloc. Só no ano passado, o faturamento global da empresa chegou a 1,26 bilhão de euros, o que equivale a R$ 2,8 bilhões.


A história da SIG Combibloc é bastante curiosa. Seu fundador, o alemão Ferdinand Jagenberg, inventou, em 1930, a primeira embalagem de papel impermeável capaz de acondicionar alimentos. Ele, porém, não se animou muito com o invento e vendeu a patente para a família Rausing, fundadora da Tetra Pak. Só após a Tetra Pak ter tomado o setor alimentício com suas embalagens de papel é que os herdeiros de Jagenberg se deram conta da oportunidade deixada para trás e decidiram entrar nesse mercado.