Engenharia de Alimentos

São as técnicas e os conhecimentos usados na fabricação, na conservação, no armazenamento e no transporte de alimentos industrializados. Esse profissional cuida de todas as etapas de preparo e conservação de alimentos de origem animal e vegetal. Seleciona a matéria-prima, como leite, carnes, peixes, legumes e frutas, e define a melhor forma de armazenagem, acondicionamento e preservação dos produtos, projetando embalagens. Cria e testa formulações, a fim de determinar o valor nutricional de alimentos industrializados, seu sabor, sua cor e consistência. A indústria alimentícia é, sem dúvida, seu principal campo de atuação. Mas pode trabalhar, ainda, em indústrias fornecedoras de equipamentos, embalagens e aditivos.

27 de maio de 2010

Braskem vai fornecer polietileno verde à Tetra Pak

O acordo prevê que o fornecimento do insumo deverá ter início no começo de 2011, mas é possível que os primeiros lotes da resina sejam encaminhados à Tetra Pak ainda no final do próximo ano

Por Agência Estado


A petroquímica Braskem assinou acordo com a Tetra Pak para fornecer polietileno (PE) verde, produzido a partir da cana de açúcar, a ser utilizado pela multinacional na fabricação de tampas plásticas. O contrato prevê a entrega de 5 mil toneladas anuais de polietileno de alta densidade (PEAD) à fabricante de embalagens e representa o primeiro acerto para a utilização do PE verde na indústria mundial de alimentos e bebidas.


O acordo prevê que o fornecimento do insumo deverá ter início no começo de 2011, mas é possível que os primeiros lotes da resina sejam encaminhados à Tetra Pak ainda no final do próximo ano. A linha de produção do novo insumo está instalada em Triunfo (RS) e terá capacidade para produzir anualmente 200 mil toneladas de eteno, que serão transformados em volume equivalente de polietileno de alta densidade (PEAD) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). A unidade deve entrar em operação entre setembro e outubro de 2010.


É provável que grande parte do polietileno verde seja direcionada à produção nacional da Tetra Pak, líder do mercado brasileiro das chamadas embalagens longa vida. A Braskem também fornece polietilenos para unidades localizadas na Argentina, no Paquistão e em países africanos, de acordo com o vice-presidente da Unidade de Polímeros da Braskem, Luiz de Mendonça.


O novo contrato representa pouco mais de 5% da demanda total de polietileno de alta densidade da Tetra Pak, empresa que tem trabalhado para ampliar o consumo de produtos renováveis. Além do PE produzido a partir da cana de açúcar, as embalagens da companhia utilizam papel cartão produzido a partir de florestas plantadas, caso do eucalipto cultivado no Brasil. Além da Tetra Pak, a Braskem já fechou acordos com Johnson & Johnson, Estrela, Toyota Tsusho, Shiseido, Acinplas e Petropack.

Vida longa para o longa vida

O paulistano Fernando Von Zuben desatou um dos nós da reciclagem ao criar uma tecnologia que separa o alumínio do plástico nas embalagens Tetra Pak. Isso permite que todos os componentes das caixinhas voltem à cadeia como matéria-prima. agora, a solução verde brasileira vai ser exportada

Por Aline Ribeiro

 

De dentro de seu Audi A3, em uma estrada a caminho de Piracicaba, interior de São Paulo, o engenheiro químico Fernando von Zuben tira as mãos do volante, leva-as à cabeça e solta um palavrão. Diretor de desenvolvimento ambiental da Tetra Pak, empresa líder no processamento e envase de alimentos, com faturamento global de 8,7 bilhões de euros, Von Zuben está irritado com o motorista do carro da frente, que acaba de jogar pela janela, sem o menor constrangimento, uma latinha de alumínio. Neto de suíços, Von Zuben herdou dos avós a fixação por cuidar do planeta. Ele leva ao trabalho a personalidade forte e as crenças pessoais, atributos que o impulsionam a criar soluções amigáveis ao meio ambiente. Foi com essa disposição e um jeito de cientista maluco que esse paulistano de 50 anos se tornou o responsável por uma inovação que resolveu um dos grandes nós da Tetra Pak no mundo: a separação total do alumínio e do plástico contidos nas embalagens longa vida, antes um pesadelo para a reciclagem.


Janeiro de 2009 pode ser considerado o marco para a invenção de Von Zuben. A fábrica de separação dos materiais, em funcionamento desde 2005, passou da fase de testes e atingiu fôlego industrial. “A partir deste ano, já podemos replicar o sistema na Europa”, afirma Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak no Brasil e entusiasta da ideia. “As conversas com a Bélgica já estão avançadas.” A tecnologia desenvolvida permitiu à empresa devolver para a origem da cadeia produtiva, em forma de matéria-prima, cada um dos materiais que compõem a embalagem, solução considerada o auge da eficiência ambiental e financeira. Antes era possível isolar das caixinhas só o papel, mantendo o alumínio e o plástico unidos.


Quando passou a integrar os quadros da Tetra Pak, em 1995, Von Zuben viu-se diante de um desafio: o que fazer com as milhares de embalagens pós-consumo despejadas no lixo. A cada ano, a produção de caixinhas para o envase de leite, molho de tomate, sucos e iogurtes cresce a uma média de 5% no Brasil.


Mandar esse material para aterros sanitários já não era uma saída natural aos olhos da companhia. Mas a reciclagem total necessitava de alguns ajustes. E foi aí que entrou o engenheiro. Naquela época, o preço pago pela tonelada de embalagem Tetra Pak era só 20% do valor do papelão ondulado. Não interessava aos recicladores, portanto, separar as caixinhas para vendê-las.


A solução era agregar valor às sobras das embalagens e fortalecer a cadeia produtiva. Uma tecnologia para separar os materiais seria vista como uma solução criativa e funcional, pois o alumínio e o plástico que acabavam no lixo passariam a ter valor de mercado. Mas o pulo-do-gato não ocorreu da noite para o dia. Até obter a fórmula inovadora, Von Zuben quebrou a cabeça durante sete anos. Pediu ajuda a cientistas russos e firmou parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo.


Depois de várias tentativas (e muitos erros), chegou à tecnologia a plasma, inédita no mundo, que revolucionou o modelo atual de reciclagem ao separar os três componentes da caixinha. A engenhoca high-tech foi desenvolvida em parceria com a produtora de alumínio Alcoa, com a fabricante de papéis Klabin e com a empresa especializada em serviços ambientais TSL Ambiental. Custou R$ 60 milhões no total, R$ 7 milhões investidos pela Tetra Pak.


Alguns meses de estudos levaram Von Zuben a um artigo científico sobre o plasma, escrito pelo professor Roberto Szente, do IPT, a quem pediu ajuda. Os dois testaram o sistema por três anos – de 1996 a 1999 – até chegarem aos primeiros resultados concretos. Detalhe: Von Zuben jamais falou sobre suas pesquisas ao então presidente da Tetra Pak, Nelson Findeiss. Na empresa, pouca gente sabia das intenções do engenheiro. “A gente tem de mostrar o resultado pronto. Principalmente para o presidente, que não tem tempo para ficar ouvindo detalhes sobre todo o processo. Se fosse conversar com ele no início, quando tínhamos mais problemas do que resultados, certamente ele ia me pedir para abandonar a ideia”, diz Von Zuben. Experimente perguntar se, em algum momento, ele teve receio de ser repreendido e a resposta vem em tom enfático: “O máximo que podia acontecer era perder meu emprego”.


Rival da Tetra Pak abre fábrica no Brasil

A suíça Combibloc deu início à construção de sua primeira fábrica no país. O empreendimento está orçado em US$ 300 milhões

                                                                                                                                  Por Raquel Salgado


O reinado da gigante Tetra Pak no Brasil, maior produtora de embalagens longa vida, começa a ser ameaçado. A empresa suíça SIG Combibloc, maior rival da também suíça Tetra Pak, deu início à construção de uma fábrica na cidade de Campo Largo, no Paraná. O investimento será de US$ 300 milhões e a expectativa é de que a planta entre em operação em fevereiro do próximo ano. Parte da produção será exportada para outros países latino-americanos.


A SIG Combibloc ensaia sua vinda para o Brasil desde 2005, mas só agora conseguiu por em prática seu plano de expansão para a América do Sul. A crise internacional e a troca de comando da empresa – ocorrida em 2008 – contribuíram para atrasar a entrada da companhia no país. Hoje a empresa já está presente no mercado brasileiro, mas todas as embalagens vendidas aqui são importadas.


Quem comanda a chegada da SIG Combibloc ao país é o alemão Rolf Stangl presidente da empresa desde o fim de 2008. Sua tarefa não é nada simples. Hoje, a Tetra Pak tem cerca de 93% do mercado brasileiro de embalagens longa vida para leite. No total do mercado de embalagens longa vida, estima-se que a participação chegue aos 95%. O restante está nas mãos da SIG Combibloc. Só no ano passado, o faturamento global da empresa chegou a 1,26 bilhão de euros, o que equivale a R$ 2,8 bilhões.


A história da SIG Combibloc é bastante curiosa. Seu fundador, o alemão Ferdinand Jagenberg, inventou, em 1930, a primeira embalagem de papel impermeável capaz de acondicionar alimentos. Ele, porém, não se animou muito com o invento e vendeu a patente para a família Rausing, fundadora da Tetra Pak. Só após a Tetra Pak ter tomado o setor alimentício com suas embalagens de papel é que os herdeiros de Jagenberg se deram conta da oportunidade deixada para trás e decidiram entrar nesse mercado.

1 de abril de 2010

Guia VEJA de profissões - Engenharia de Alimentos

VEJA.com recrutou 30 profissionais de destaque de diferentes áreas para ajudar você a resolver um dilema: qual carreira seguir. Eles responderam questões da redação e também dos internautas, com o objetivo de esclarecer como é o dia-a-dia de suas áreas, quais as habilidades requeridas por suas atividades e as perspectivas de mercado para os próximos anos, entre outros temas.


RESPOSTAS:

1. Em que medida você interage com outras pessoas durante o seu trabalho?
Como trabalho com desenvolvimento de produtos, preciso interagir com vários departamentos da empresa, principalmente com industrial, marketing, suprimentos e qualidade. Existem atividades específicas, como elaboração de um novo produto, que é feita, de fato, pela minha equipe, mas as outras áreas também têm o seu papel: suprimentos precisa solicitar amostras dos ingredientes para o fornecedor; industrial precisa testar o produto na fabrica; o marketing precisa definir como os clientes querem o produto etc.


2. Você trabalha nos fins de semanas? Com que frequência?
Raramente trabalho nos fins de semana, apenas quando preciso fazer algum teste e a planta da fábrica está totalmente ocupada.


3. Você pode fazer o seu próprio horário de trabalho?
Não. Eu não preciso bater ponto, mas preciso cumprir as oito horas de trabalho.


4. Assim que me formo, quais são os caminhos que posso seguir na profissão?
Vou detalhar um pouco mais o trabalho em empresas, onde tenho experiência. Com a formação em engenharia de alimentos, há varias oportunidades dentro da empresa, como áreas de produção, qualidade, desenvolvimento e engenharia e existem ainda oportunidades na área comercial de ingredientes também.


5. Ao entrar no mercado de trabalho, é melhor experimentar várias empresas de início ou já se estabelecer em um único emprego?
O importante na vida é ser feliz. Então, se você estiver no seu primeiro emprego e estiver realizado e motivado, não precisa mudar de área. Só acho interessante mudar de emprego se não temos mais nenhuma motivação para acordar e ir trabalhar.


6. É necessário se atualizar de forma permanente na sua profissão?
Hoje em dia temos que estar sempre nos atualizando, independente da profissão. Se você estiver numa área especifica, tem que se aprofundar nela até se tornar o melhor. Pós-graduação, hoje em dia, não é mais um diferencial, e sim uma exigência. Inglês e espanhol também são pré-requisitos para a área.


7. O que mais o decepcionou no exercício da profissão?
Não tive nenhuma decepção até o momento, pois eu gosto muito da minha profissão.


8. E o que mais o agradou/surpreendeu de forma positiva?
A utilização de vários conceitos e ensinamentos aprendidos na universidade no meu dia-a-dia.


9. É possível trabalhar como autônomo ou empresário na sua profissão, ou a tendência é continuar sempre como empregado?
Hoje em dia, a maioria trabalha como empregado, mas existem profissionais que trabalham como consultores e outros que atuam como empresários na área de alimentação.


10. Na sua opinião, qual é o perfil ideal para um profissional dessa área?
Como a atuação do engenheiro de alimentos é bastante ampla, o perfil do profissional é bastante diversificado. Há espaço para o tímido, o curioso, o extrovertido, entre outros. Mas como a profissão começa na universidade, o engenheiro de alimentos tem que ter afinidade com matemática, química e física.


11. Qual é o maior desafio para o exercício da sua profissão?
O maior desafio é atender os desejos do mercado consumidor, desenvolvendo um produto com qualidade, além de custo competitivo e garantia de praticidade no dia-a-dia do consumidor.


12. Qual habilidade é a mais útil e necessária para o exercício da profissão?
A mais importante é o bom-senso, mas também é importante ser comunicativo, curioso e ter o domínio do conhecimento técnico.


13. Quanto tempo leva até você conseguir alcançar certa "estabilidade" na sua carreira?
Se considerarmos que estabilidade financeira é ter carro, casa e dinheiro para aproveitar as férias sem precisar de ajuda dos pais, podemos falar em seis anos. Foi o que demorei para chegar neste patamar.


14. Gostaria de saber sobre a inserção no mercado de trabalho. (Guiomar Fernanda Peixoto, 27 anos)
A área de alimentos é um mercado que sofre menos nos momentos de crise. De qualquer forma, para facilitar a sua inserção, é preciso se preparar muito bem e também participar de empresas do tipo junior ou centros acadêmicos durante a faculdade.


15. Pretendo cursar engenharia de alimentos e tenho curiosidade de saber qual é a rotina de um profissional da área. (Angelice Fernandes Mesquita, 17 anos)
Isso depende da área de atuação. Posso descrever as atividades que realizo na área de desenvolvimento da Parmalat: teste de novas fórmulas de produtos no laboratório e na fábrica; pesquisas de novos ingredientes e processos; contatos com fornecedores; elaboração das informações dos rótulos dos produtos; elaboração dos procedimentos de fabricação; mapeamento dos concorrentes.

Pimenta peruana arde mais do que a pimenta malagueta

Em grandes quantidades o ají pode atacar o estômago e o intestino, mas é rico em vitaminas A e C, ajuda a prevenir alguns tipos de câncer e evita o envelhecimento precoce.




O país de todas as cores é também de todos os sabores. A cozinha peruana está conquistando o mundo, em grande parte, por causa da riqueza e da variedade dos ingredientes que existem no país.

O ají é a pimenta peruana. O Peru produz pelo menos 50 variedades diferentes de pimenta. Para os peruanos, o aji não é apenas um tempero, é um produto que faz parte da identidade do país.

Ninguém melhor para falar do ají que o chef mais famoso do Peru, que encontramos por acaso no mercado. Gastón Acurio diz que vai sempre ao local para conversar com os feirantes e buscar ideias pra novos pratos.

Ele explica que a cozinha de todos os países tem uma característica. Na Itália, por exemplo, é o tomate. Na cozinha peruana, é o ají. Para Gastón, se você tirar o ají, a comida fica sem pátria.

Alguns tipos de ají a gente encontra nas feiras do Brasil. Dizem que a nossa pimenta malagueta é doce perto do ají charapita.

Será que tanto ají não faz mal? Em grandes quantidades sim, pode atacar o estômago e o intestino. É o que me diz a nutricionista Lizette Ganoza. Mas ela dá também a boa notícia: o ají é rico em vitaminas A e C, ajuda a prevenir alguns tipos de câncer e evita o envelhecimento precoce.

Dona Tereza Izquierdo é considerada a mãe dos cozinheiros peruanos. Aos 76 anos, ela é louca pelo Brasil e pelo nosso carnaval. Mas, quando o assunto é cozinha, ela se anima é com o ají.

Ela prepara pra gente um pato ao molho de pimenta. O segredo desse e de outros pratos peruanos é o ají usado sem pele e com pouca ou nenhuma semente, para o gosto ficar mais suave.

Mas o que o peruano come no dia a dia? Em Cusco, fomos dar um passeio no mercadão da cidade. O prato mais tradicional do país é o ceviche - peixe em cubos, temperado com sal, cebola, ají e o mais importante: limão, muito suco de limão.

O ceviche não vai ao fogo e dizem que é afrodisíaco. Uma peruana diz que o ceviche com arroz e verduras é mais ou menos como se fosse o nosso arroz com feijão. Os peruanos comem quase todos os dias.

O Peru tem ainda ervas dos Andes, pães artesanais, frutas enormes.

O repórter Hélter Duarte encontrou uma abóbora que pesa mais ou menos 40 kg, a dona da banca afirma essa é uma abóbora pequena, porque tem abóboras que chegam a pesar 70 kg. Elas vêm da região de Arequipa que é no sudoeste do Peru.

São riquezas que vem da terra. No Vale Sagrado, na região de Cusco, as plantações de linhaça deixam a paisagem ainda mais bonita.

Mas a rainha desse solo tão fértil é sem dúvida a batata. São mais de duas mil variedades de batatas catalogadas no Peru. O nosso guia, Wilian Huampa, que também é professor de história e geografia, conta que as chamadas “papas” são nativas do país.

Wilian mostra a batata peruana. Ela é chamada assim, porque tem as mesmas cores da bandeira de Peru, vermelho e branco.

Cientistas afirmam que a batata é cultivada nessa região há sete mil anos e foi apresentada ao mundo pelos espanhóis, na época do descobrimento do Brasil, justamente depois que eles dominaram com violência um grande e poderoso império: o inca.

31 de março de 2010

Sorvetes nascidos em laboratório não engordam e são deliciosos

Na busca por uma receita mais nutritiva e saudável, foram feitos vários testes e se chegou a um sorvete sem leite, feito de soja.


Quem resiste ao sorvete? É um desfile de cores e sabores. O gosto varia, depende da região do Brasil. Tem de bacuri, guavira, castanha, cupuaçu, açaí, taperebá. Os nomes diferentes das frutas revelam a fartura e a criatividade dos brasileiros. Mas tem gente que exagera na combinação.

É um tal de incrementar o sorvete com creme, leite condensado e açúcar. Será possível tomar aquele sorvete sem se preocupar com a balança?

O sorvete foi criado há mais de três mil anos pelos chineses. Eles usavam neve, mel e frutas. Aqui, no Brasil, as receitas ganharam toques exóticos.

Chinesa de nascimento e brasileira por opção, a bioquímica Sin Huei Wang, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e a engenheira de alimentos Renata Torrezan, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fizeram o sorvete sem leite de vaca.

“O sorvete tradicional, além de ter leite de vaca, agrega creme de leite, leite em pó e nata. São fontes de gordura animal. E essa gordura animal faz mal para a saúde”, diz Sin Huei Wang.

Mas como fazer sorvete sem leite? Foram feitos vários testes no laboratório, numa corrida pela receita mais nutritiva e saudável. Tira a casca da soja, separa o grão, cozinha e tritura. E tem uma razão para fazer a massa com o grão de soja descascado e não usar o extrato, o leite de soja.

“No caso de utilizar o grão, a gente vai ter uma concentração muito maior de proteína nessa massa de soja, porque, quando a gente faz o extrato a partir do grão de soja, a gente perde 70% a 80% da proteína. Então, nessa massa, nós temos maior concentração de proteína”, explica a engenheira de alimentos Renata Torrezan, da Embrapa.

A massa substitui o leite de vaca, bom para quem tem intolerância a lactose. E as vantagens não param aí.

“Tem menos 80% de gordura, 50% menos de caloria e ainda tem fibra”, afirma a nutricionista Elaine Souza Lima, da UFRRJ. “A gordura que ele tem é uma gordura boa. São os ácidos graxos poli-insaturados que são os ácidos que têm o papel na diminuição do colesterol ruim”, diz Elaine.

Que a soja faz bem todo mundo sabe, mas como evitar aquele gosto de feijão cru? “Nós desenvolvemos uma tecnologia. Os grãos de soja passaram por um tratamento térmico que tira esse sabor forte da soja”, declara Elaine Souza Lima.

A essência de morango é para ficar ainda mais atrativo. A repórter faz o teste do sabor e aprova: “é igualzinho”.

O sorvete sem leite e com massa de soja ainda está sendo testado, mas as pesquisadoras já descobriram que é viável e barato.

Nesse verão escaldante, o geladinho cremoso é um alívio. O Brasil produz por ano mais de 950 milhões de litros de sorvete. Ao todo, 70% dessa quantidade são consumidos nessa época.

Em Minas Gerais, a nutricionista Ana Vládia buscou nos sabores da infância, novas alternativas de receitas geladas. Que tal fazer do sorvete um aliado para reforçar o sistema imunológico, proteger a pele, a visão e o intestino?

Nesses dias ensolarados e quentes, quem não gosta de um sorvete pra refrescar? Várias pessoas formam fila para experimentar o sorvete desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa (UFV), na praça da igreja matriz.

Mas será que as pessoas vão conseguir identificar quais ingredientes foram usados no sorvete?

“É muito gostoso, não estou descobrindo do que é”, declara um senhor. O menino provou o sorvete e gostou. Na hora de adivinhar o sabor, ele aposta: “é de nata?”. “Está bom, mas eu não consegui definir o sabor”, comenta uma mulher.

Até que a repórter revela que o sorvete é inhame. Uma mãe diz que a filha não come inhame, apesar de ter provado o sorvete e ter adorado o sabor.

“É uma forma de incentivar as crianças a comerem alimentos mais saudáveis. Sorvete toda criança gosta”, elogia uma mulher.

As receitas foram testadas no Laboratório de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa. E é fácil fazer.

O inhame cozido é batido no liquidificador. A nutricionista acrescentou coalhada feita em casa. É um excelente anti-inflamatório e ajuda no funcionamento intestinal. Se quiser simplificar, pode usar iogurte natural industrializado. Tudo é batido no liquidificador, junto com o leite condensado, que pode ser light.

O segredo para que fique no ponto certo é não bater muito, senão o inhame acaba engrossando. É para ficar igual a um purê.

O inhame é depurativo do sangue. A ação anti-inflamatória faz bem para pele e ajuda até no combate as celulites, que são inflamações nas células de gordura. É um sorvete turbinado!

“Você tem vitaminas do complexo B, você tem vitamina C, você também tem traços de vitamina E e um conjunto de outras substâncias naturais que você encontra no próprio inhame, como antioxidantes, que juntamente com as vitaminas e os outros componentes dessa preparação, auxiliam na prevenção de doenças crônicas, principalmente aquelas relacionadas ao stress”, explica a nutricionista Ana Vládia Bandeira Moreira, da UFV.

Mas um alerta: ele não é aconselhável para diabéticos, porque tem muito açúcar.

O sorvete de abóbora com abacate também é uma alternativa de alimento refrescante rico em ácidos graxos, que fazem bem ao coração.

“Tem o betacaroteno, tem vitamina A, que ajuda não só na questão dos processos ligados à cicatrização, à função da nossa visão. Previne também doenças de pele e câncer de pele. Essa substância é importante na prevenção nessa época do verão”, aponta a nutricionista Ana Vládia.

Nessa receita, vai abóbora cozida, com abacate. Metade do emulsificante, aquele produto usado para dar cremosidade ao sorvete, é substituída por um gel de linhaça feito a partir da fervura da semente.

“Então, além de substituir parcialmente o aditivo você também está adicionando na preparação fibras solúveis, uma fibra da linhaça bem conhecida e estudada na prevenção de doenças do trato digestório, disfunções intestinais e o próprio diabetes”, diz Ana Vládia.

E o mais surpreendente: o número de calorias desses sorvetes nutritivos é muito menor. Dá para comer sem culpa!

“No caso do sorvete de inhame, uma bola de sorvete tem apenas 69 calorias. O de abacate com abóbora tem em torno de 83 calorias. O sorvete convencional de creme ou chocolate, na mesma quantidade, deve ter em torno de 120 a 140 calorias. Então, é uma redução de 40%”, explica a nutricionista.

É um sorvete altamente nutritivo com pouca gordura. “Muito bom, muito bom mesmo. Não só para crianças, mas para a gente também”, comenta um senhor.



Morangos brancos com sementes vermelhas e gosto de abacaxi entram no mercado europeu

Fruta é variante do morango comum e natural da América do Sul


A Inglaterra está entrando na primavera e, junto com a chegada da estação, a rede de lojas de produtos de alimentação Waitrose vai disponibilizar para a venda uma fruta que é um morango branco com gosto de abacaxi. A fruta é chamada de Pineberry, uma mistura das palavras em inglês pineapple, que significa abacaxi, e strawberry, inglês para morango. O Pineberry é uma variante selvagem do morango convencional, natural da América do Sul, e estava quase em extinção até ser encontrado por agricultores holandeses há cerca de sete anos, que resolveram cultivar o produto. A fruta será comercializada em 45 lojas Waitrose, e os saquinhos com 125g custarão cerca de R$ 10.